Família de origem italiana com dez irmãos é por si só barulhenta, e todos os dias tinha novidades. A hora das refeições era uma festa e sempre com alguma “confusão”, visto que neste horário todos se encontravam. Logo após o almoço era horário do café com a chegada do 11° irmão, nosso vizinho Mario Braga.
Nas festas maiores, Natal, Ano Novo, Páscoa, Formaturas e aniversários havia, normalmente, apresentações dos “talentos artísticos”, conforme as solicitações e disposição de cada um. Isolde Possamai, nossa talentosa prima com sua linda voz, era uma das mais requisitadas. Edmond Fatuch, também dava sua “canja”, cantando tangos argentinos.
Armando, meu pai, era ouvinte entusiasmado, amante da leitura, autodidata e sempre à lida, procurando vocábulos nos dicionários; enquanto minha mãe, Vitória, organizava a mesa e a logística da cozinha. Quando se aproximava da sala do piano, cantava suas canções prediletas, Ave Maria de Gounnod, nos tempos primeiros e, depois e sempre, Noite Feliz.
Valentina, Tina, a irmã mais velha, pedagoga e professora de Música, era a primeira a tocar o piano.
Antonio Carlos, professor de Educação Física, estudante de acordeon na sua infância, ficava observando o movimento.
Rosa Maria,tocava piano, a Marcha Turca de Mozart, a Valsa das Flores e uma transcrição do Concerto n° 1 de Tchaikowsky, além do Tico-tico no Fubá, suas preferidas.
Ângelo Serafim, formado em Filosofia e Medicina, durante seus estudos no Seminário, aprendeu a tocar órgão e se esmerava em alguns hinos. Anos depois, sua filha Lorenza, excelente cantora, era quem abrilhantava as reuniões, com o seu precoce talento.
Armando, chamado por todos de Armandinho ou Dinho, advogado, atleta e também professor de Educação Física, era a revelação da casa. Depois que lhe ensinavam a posição das mãos, sem saber uma nota ou qualquer teoria musical, “interpretava”o concerto de Grieg com muita vibração e a sonata de Scarlatti, entre outras. O repertório da Tina estava nos seus dedos.
Napoleão Augusto, marine officer, brincava com as imitações e cantorias. Gostava de cantar e era o animador e apresentador da festa.
Odorico Jose, se solicitado apresentava-se com sua viola.
Ivan,era mais espectador, mas entrava nas brincadeiras do Napoleão.
Salete Maria, de modo geral encerrava as apresentações, com música e comentários sobre as obras.
Pedro Paulo, atleta internacional, nem sempre estava presente. Quando participava, era o verdadeiro show-man , com sua alegria e entusiasmo. Gostava de cantar pequenos trechos de árias de óperas... |